Ferramenta
dura - Ferramenta mole
trajeto de ida e volta do digital ao analógico
Rodrigo
Balan Uriartt
A
história universal talvez seja a história da diferente
entonação
de algumas metáforas. J. L. Borges
Objetivo
Desde
o início de minha trajetória no Instituto de Artes pensava
em re-unir os "mundos" analógico-manual com o digital-tecnológico,
de uma maneira intuitiva e com baixo custo (low-tech). Interessam-me
tanto as técnicas tradicionais de gravura (xilo, metal, etc.)
quanto as possibilidades ainda não totalmente exploradas das
novas tecnologias.
Esse
projeto ainda tem em si muito de fabril e manual, apenas que utilizando
intensivamente da mediação imanente da computação,
com suas ferramentas duras (hardware) e ferramentas moles (software),
deixando assim os limites entre o digital e o analógico ficarem
ainda mais tênues e imperceptíveis. Estamos a todo o momento
produzindo, consumindo e descartando imagens. De uma forma passiva,
no mais das vezes, participamos de um jogo em que as coisas vistas valem
apenas por sua efemeridade: porque reelaborar as imagens recebidas se
o fluxo de informação é contínuo e abundante?
No
contrafluxo desta tendência contemporânea o Projeto Ferramenta
dura - Ferramenta mole se propõe a criar um espaço criativo
onde o consumidor se torna em produtor/pensador de imagens, reciclando/reelaborando
as imagens de uma forma continua e criativa, utilizando a tela do computador
como matriz e o papel fotográfico preto & branco como suporte.
É
também num mundo cada vez mais dominado pelas mídias digitais
e supermediadas que um contato direto com a matéria, resgatando
o fazer manual e a simplicidade do desenho, reacendem o olhar crítico
sobre essa era da velocidade e do desperdício.
Descrição
da técnica
É
um processo de gravação de imagens diretamente entre um
computador e o suporte fotográfico. Imagens projetadas na tela
(monitor de 15") de um computador sensibilizam papel fotográfico
PB que está em contato sobre a mesma. Após a exposição
o papel sofre o processo habitual de revelação, fixagem
e lavagem. A técnica de gravação monitor/papel
fotográfico, desenvolvida pelo pesquisador, foi denominada provisoriamente
de screengraphs ou pixelgrafia.
As
imagens utilizadas, provenientes de fotos digitais ou escanerizações
de gravuras, são trabalhadas no programa Photoshop para realçar
o grafismo e contraste, invertidas em seus valores, para assim criar
uma espécie de negativo que se prestará para uma prova
de contato com o papel fotográfico.
Além
da imagem estática, prestando-se tal como um ampliador de laboratório,
o computador pode colocar a(s) imagem(ns) em movimento, deixando um
rastro luminoso que se reproduzirá na cópia em papel.
Prova
de contato entre o pixel (PC) e o analógico (papel).
Processos
(roteiros)
É
possível vários roteiros de trabalho, partindo de imagens
nos mais variados estágios e técnicas. O pesquisador interessa-se
em misturar e cruzar o maior número de técnicas possível,
até tornar praticamente impossível determinar a origem
da imagem.
Processo
I
(com xilo)
Foto
digital photoshop impressão jato de tinta xerox transferência
para chapa de madeira xilogravura escanerização da cópia
xilográfica leve photoshop matriz para screen cópia em
papel PB (cópia screen)
Processo II
(com fotoferida)
Foto
digital photoshop matriz para screen cópia em papel PB brilhante
fotoferida (intervenção pictórica direta sobre
o suporte fotográfico) escanerização photoshop
matriz para screen cópia em papel PB (cópia screen)
Processo
III
(simples)
Foto
digital photoshop matriz para screen cópia em papel PB (cópia
screen)
Processo
IV
(com gravura em metal - de volta as origens)
Cópia
screen escanerização photoshop impressão jato de
tinta xerox transferência para chapa de cobre cópia em
água-forte escanerização photoshop matriz para
screen cópia em papel PB (cópia screen)
Outras
possibilidades processuais:
Brincar com a autoria: um programa de computador poderá escolher
imagens aleatória e randomicamente em bancos de dados na Web,
criando-se assim uma rede de produção gráfica "quase"
sem a decisão de um autor possessivo tradicional - copyleft imagético
- creative commons.
Brincar com os tamanhos: como o tamanho da cópia screen é
limitada pelo tamanho da tela do computador, para gerar imagens que
sejam maiores podemos criar uma imagem grande, dividi-la em quatro telas
(matrizes screen), sensibilizar o papel fotográfico e depois
encaixar as cópias screen formando a imagem maior.
Documentar as diferentes fases do processo: a todo momento é
possível gerar uma cópia screen, formando assim um roteiro
visível das várias fases processuais.
De volta às origens: tudo pode voltar para o computador, na forma
de uma animação, vídeo, apresentação
PowerPoint ou Flash, ou como uma página interativa na Web.
Testar processos fotográficos alternativos: papel com goma bicromatada,
cianótipo, etc.
Motivos
principais
imagens
de esticadores de poste e casinhas de lixo, bem contrastados e gráficos
(positivo: linhas negras sobre fundo branco) + equipamentos urbanos,
texturas e patinas.
Multimeios - multiprocessos - excessos - técnica limpa - técnica
suja - poucos motivos - muitas matrizes - esgotar o olho - ir do pouco
ao muito - preencher todo o campo do suporte - deixar grandes brancos
- imagens em movimento sensibilizando o papel em toda sua extensão
- caminhos de luz.
Sem a figura humana : isso me preocupa e me comove!
A técnica é mais importante do que a imagem / idéia?
Não importa muito meu imaginário!
Porque os esticadores de poste e certos equipamentos urbanos?
Símbolos
de uma solidão cheia/vazia de sentidos, coisas que estão
sempre ali: que mistério! Essas coisas não deveriam desaparecer
do mundo por não mais a notarmos? Não deveriam sair andando
quando mudamos nosso campo visual? (ver Wittgenstein)
O
mundo é uma grande noite com alguns poucos pontos de luz emitidos
por postes espaçados pela via. Flashes de imagens - pensamentos
gravados - pulsares do sonho:
POEVIA
PIXUAL.
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Algumas
Imagens:
Esticador de poste
Bueiro
3
Objetos
Esticador
Grade
e registro
Grade
e registro
Equipamentos
urbanos
Grade
Material
necessário
Laptop - câmara
digital - scanner - impressora
Imagens digitais em alto-contraste e normais
Papel fotográfico PB de baixa sensibilidade
3 Bandejas de 24 x 30 cm
Químicos revelador, interruptor e fixador
3 Pinças
Varal e prendedores
Lâmpada de segurança
Envelopes vedados, tesoura,
estilete, fita crepe, etc.
Referências
Quem
fez? Quem faz? Arte e tecnologia. Pesquisar sites (Sito, …)
Matéria sobre um papel que imprime em contato com a tela do computador…
Embasamento teórico…
Como
Expor
Maneiras de apresentação do trabalho. Leituras.
Objetivos
Alcançados
Bibliografia